[Texto escrito enquanto peça de opinião para o jornal O Grito - 12/4/2013]:
Dia dois de Março de
2013, com a tutela do movimento “Que
se Lixe a Troika”, caminharam cerca de um milhão de cidadãos pelas ruas de
Portugal. O mesmo dia marcou também um momento positivo na curva ascendente da
participação cívica, sendo um indicador positivo de uma crescente
consciencialização e acção – hoje há mais gente na rua do que ontem – e foi uma
resposta popular com um tom negativo às políticas económicas e sociais do XIX
Governo e da Troika – pois, ao que parece são poucos os que estão a gostar do show.
Infelizmente nesse dia ficaram em casa outros tantos milhões:
isso é um facto, compreende-se e salvaguardam-se os princípios individuais de
cada um. Mas quem tem a honesta e transparente intenção de renovar ou
revolucionar a estrutura e o volume do estado não pode aceitar tal facto. Tem
consequentemente de agir, olhar para dentro e abordar quem fica de fora.
Tudo isto não deve ser apenas informação para
argumentação ou exibição, deve ser um incentivo para um trabalho pedagógico, um
exercício de consciência e de democracia que parece estar por fazer. Os números
são positivos e não estamos no “piso zero”, mas faltam alguns processos
elementares para realizar um projecto de mudança. A comunicação e a proximidade
entre agentes são aqui fundamentais.
Assim, dos movimentos
sociais ao povo, é urgente observar, avaliar e repensar as condições materiais
(e os números). Há que entrar no debate, aproximar as colectividades das
individualidades, romper com as ficções, romper com a história e agir! Há
necessidade de criatividade e prática, de pura humildade nas acções e de
pedagogia reciproca para que se desenvolva – de forma sustentável – uma
plataforma comunitária democrática e real (outro Estado) que nos possa acolher
confortavelmente amanhã, assim como as gerações vindouras. Essa plataforma não
pode ser abstracta, tem de ser alargada tendo em conta que deverá ser afecta a
todos, assim como todos deverão participar activamente (sem medo nem timidez).
Terá de simples, directo e sem burocracia.
A história está
“contra” nós – é tempo de repensar os papéis e os estatutos (as instituições e
outras coisas obsoletas). Basta de concursos de beleza pedantes para movimentos
e partidos. É necessário prática e sensibilidade estratégica. E já agora,
enquanto tudo isso vos passa pela cabeça, pensem no que vão querer fazer hoje
para viver amanhã.