sexta-feira, 12 de abril de 2013

Haja Consciência! (Editorial escrito para o jornal O Grito, 25-10-2012)



Recebi a tarefa de redigir o editorial desta edição de “O Grito”. Assim, esta é uma tarefa que realizo com um caloroso sentido de dever enquanto membro deste colectivo, e especialmente, enquanto membro de uma vasta comunidade estudantil. Comunidade esta que activamente existe e que deve ser consciente, devendo assim pensar e repensar a sua posição e o seu papel numa sociedade portuguesa (europeia? global?) que vive em mutações e lutas permanentes.

Face a tal espectro de influência e de acção alargada, esta edição apresenta conteúdos díspares que se alongam desde a defesa do ensino público democrático e de qualidade crescente (nunca mercantilizado), passando pelas acções de movimentos estudantis na defesa de diversas causas e, como é pertinente, até à informação e reflexão sobre a conjuntura portuguesa e internacional.

O meu “coração” pede-me que fale de tudo, mas serei breve e voltarei atrás: falarei da consciência. Quando constatamos que o ensino público tende a passar por dificuldades e desafios cada vez mais complexos, é necessário reconhecer que desmedida parte da comunidade estudantil (da FCSH e não só) aparenta padecer de um dada alienação, de uma certa apatia e desinteresse que lhe retiram a “paixão” e a capacidade de acção de outros tempos.

Isto, por si mesmo, é um indicador de uma consciência frágil, ou de uma falta de consciência colectiva sobre as condições materiais da vida social dos estudantes e sobre os espectros económicos e políticos que envolvem esta comunidade - e que ao mesmo tempo são produto das suas acções. Ora, visto isto, é infelizmente normal que vastos “atentados” ao ensino público e democrático continuem a perpetuar-se a cada dia que passa. E é de lamentar que tantos “virem a rosto para o outro lado” face a tal realidade.

Hoje (tal como sempre), há uma necessidade urgente de impedir tais atentados, é necessária uma consciência que capacite a comunidade para actuar e lutar, é necessária mais pro-Actividade, pois é necessário defender o que é de todos nós: um ensino superior democrático, eficiente e de qualidade – e hoje, já é tarde!

É pela força destas questões que vão surgindo movimentos e acções no seio das instituições públicas de ensino. E é pela necessidade de consciencializar e agir no seio desta comunidade que “O Grito” se desdobra agora como um colectivo, pretendendo assim juntar mais esforços e mentes para responder às necessidades e desafios da contemporaneidade no ensino superior. No fundo, para defender aquilo pelo qual cá andamos: uma formação académica digna, livre e para todos sem qualquer distinção. Como tal, não se requer paciência, mas sim consciência!

1 comentário:

  1. Vejo todos os dias essa alienação de que falas. Parece que é algo generalizado, mas acredito que se consiga mudar mentalidades e comportamentos (na verdade, nunca perco a esperança) e que nunca é tarde demais.

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