Recebi a tarefa de
redigir o editorial desta edição de “O Grito”. Assim, esta é uma tarefa que
realizo com um caloroso sentido de dever enquanto membro deste colectivo, e especialmente,
enquanto membro de uma vasta comunidade estudantil. Comunidade esta que
activamente existe e que deve ser consciente, devendo assim pensar e repensar a
sua posição e o seu papel numa sociedade portuguesa (europeia? global?) que
vive em mutações e lutas permanentes.
Face a tal espectro de
influência e de acção alargada, esta edição apresenta conteúdos díspares que se
alongam desde a defesa do ensino público democrático e de qualidade crescente
(nunca mercantilizado), passando pelas acções de movimentos estudantis na defesa
de diversas causas e, como é pertinente, até à informação e reflexão sobre a
conjuntura portuguesa e internacional.
O meu “coração” pede-me
que fale de tudo, mas serei breve e voltarei atrás: falarei da consciência.
Quando constatamos que o ensino público tende a passar por dificuldades e
desafios cada vez mais complexos, é necessário reconhecer que desmedida parte
da comunidade estudantil (da FCSH e não só) aparenta padecer de um dada
alienação, de uma certa apatia e desinteresse que lhe retiram a “paixão” e a
capacidade de acção de outros tempos.
Isto, por si mesmo, é
um indicador de uma consciência frágil, ou de uma falta de consciência
colectiva sobre as condições materiais da vida social dos estudantes e sobre os
espectros económicos e políticos que envolvem esta comunidade - e que ao mesmo
tempo são produto das suas acções. Ora, visto isto, é infelizmente normal que
vastos “atentados” ao ensino público e democrático continuem a perpetuar-se a
cada dia que passa. E é de lamentar que tantos “virem a rosto para o outro
lado” face a tal realidade.
Hoje (tal como sempre),
há uma necessidade urgente de impedir tais atentados, é necessária uma
consciência que capacite a comunidade para actuar e lutar, é necessária mais
pro-Actividade, pois é necessário defender o que é de todos nós: um ensino
superior democrático, eficiente e de qualidade – e hoje, já é tarde!
É pela força destas
questões que vão surgindo movimentos e acções no seio das instituições públicas
de ensino. E é pela necessidade de consciencializar e agir no seio desta comunidade
que “O Grito” se desdobra agora como um colectivo, pretendendo assim juntar
mais esforços e mentes para responder às necessidades e desafios da
contemporaneidade no ensino superior. No fundo, para defender aquilo pelo qual
cá andamos: uma formação académica digna, livre e para todos sem qualquer
distinção. Como tal, não se requer paciência, mas sim consciência!
Vejo todos os dias essa alienação de que falas. Parece que é algo generalizado, mas acredito que se consiga mudar mentalidades e comportamentos (na verdade, nunca perco a esperança) e que nunca é tarde demais.
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