domingo, 27 de abril de 2014

Lisboa Nossa

No país de Abril,
O meu Abril é paixão e um turbilhão.
Este Abril é saudade
Em qualquer pico
Das sete colinas.
Lisboa, sim, a tua.
Lisboa é nossa. A nossa casa.

Voltar sem ti
É um estranho retorno.
Um retorno ao início
Antes que tudo tenha começado.

É um retorno à saudade e à sua beleza.
Sinto o cheiro do verão e da comida caseira para turistas.
Oiço guitarras portuguesas
E vários destinos filhos da saudade.
Sinto tudo. Não sinto nada. São extremos.

Lisboa é nossa. Há amor. É a cidade dos amantes.
É nossa por mil anos de amor.
Caminho pela saudade. Pedra sobre pedra
Olho e faço ficções por ti.
Esta cidade é bela,
Mas só tu trazes a beleza do amor
A este solo onde fiquei louco por ti.

sábado, 26 de abril de 2014

Nota Sobre o 25 de Abril em 2014


Confesso que não entendo os programas de opinião em antena aberta e artolas de 22 anos que gritam: "Viva o Salazar". Há dias maus e há dias em que sinto vergonha pelo meu povo. Bom, será este o meu povo? Não, o meu povo - aquele ao qual pertenço - é filho de Abril. A lembrança que guardo do meu país é Abril.
 
É a liberdade, aquela liberdade que me deixa gritar que Abril não morre. A liberdade que me deixa pedir a morte do fascismo. A liberdade que assenta nos sonhos e na luta por uma qualquer sociedade mais justa e fraterna.
 
Lamento a ignorância e a falta de respeito por aqueles que padeceram e lutaram pela nossa dignidade. Como diria o outro: "É o país que temos".
 
Enfim, eu gosto de pensar que Abril não morreu. E não morreu! As ideias desta luta não morreram pois são mais universais do que qualquer mentira. Abril viverá enquanto a liberdade e a igualdade for a nossa bandeira.
 
Estas são as memórias que desejo guardar de Portugal. Aquela imagem de uma luta pela igualdade e pela liberdade. Abril sempre, AntiFa com certeza.

Escrito a 25/04/2014

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Nebraska



Vi isto ontem. Andava curioso. É de longe um belo exemplo de como o lado simples e quotidiano que toma lugar longe das estrelas e do perfume de LA pode ser a melhor arma dos criativos norte-americanos. O Midweast, por mim, seria a nova Hollywood. Isto se tudo passar a ser feito com esta sensibilidade e capacidade crítica.
Tudo é "normal" por aqui. Tudo é cómico e trágico como a vida de todos os dias. E assim é, seja no Montana, seja no Nebraska, seja em Portugal ou em Alenquer. Este retrato é diferente por uma certa indiferença. É o tal por trazer um narrativa transversal acerca da vida social capitalista nas regiões interiores dos nossos países ocidentais - neste caso no confortável Midwest.
A vida é assim: é uma relação dialéctica entra a diferença e a indiferença, entre a sanidade e a insanidade, entre o materialismo e o humanismo. É assim uma comédia negra, onde há a necessidade de retirar o mais alegre do pior. É um preto e branco figurado, onde problemas simples são guiões talentosos animados pela lentidão e necessidade destes lugares e gentes esquecidas.
PS: Mais um bom exemplo de que o cinema norte-americano não é apenas e só uma industria. Em Nebraska há uma fuga disso mesmo. Há a decadência da industria e do showoff. Faz-nos repensar o papel do cinema produzido nos países ocidentais - aquele cinema verdadeiro que fica além da película.


quarta-feira, 9 de abril de 2014

Tempo Não Existe

Uma sala de espera. Um hall longo:
Tempo. Perco tempo, aquele que já não recua.
Tempo aquele que já não se move quando ficamos sentados.
Aquele que é esperto: fica louco quando corremos.
Não há tempo morto. O tempo queima. Ele queima-se a ele mesmo.
O tempo não existe.
Mesmo quando julgamos que existe
Ele move-se,
E assim desaparece.